terça-feira, 20 de outubro de 2009

domingo, 11 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

CRISTÃO BOCA SUJA


No domingo passado, ao falar sobre o desequilíbrio entre a verdade sem graça (legalismo) e a graça sem verdade (libertinagem), eu mencionei a tendência crescente entre muitos cristãos pós-modernos de soltar o verbo e liberar os palavrões como se fosse a coisa mais natural do mundo. Algumas pessoas me perguntaram se eu não estava caindo novamente no legalismo simplesmente por questionar isso. Vejamos.
Em primeiro lugar é preciso reconhecer que esta é uma questão mais complexa do muitos gostariam que fosse. Já conversei com várias pessoas sobre isso nos últimos anos e tenho a impressão de que muitos pensam que basta citar alguns versículos das Escrituras e assunto encerrado. Mas não é bem assim. O difícil é determinar quando uma palavra é torpe ou obscena uma vez que a linguagem é algo vivo e as palavras e seus significados mudam com o tempo. Algo que era considerado um palavrão nos dias de Jesus ou Paulo pode nem sequer ser utilizado hoje.
Sendo assim temos que lidar com questões sobre contexto, cultura, significado e eu entendo isso, não sou leigo no assunto e não estou tentando desprezar tais considerações.
Por outro lado, será que o valor de nossas palavras deveria ser determinado pelo meio em que vivemos? Se todos à nossa volta estão usando certas palavras, será que isso significa que nós devemos usá-las também?
Algumas pessoas dizem que o uso de palavrão se tornou natural em nossa cultura e que os únicos que ficam ofendidos são os “legalistas religiosos”. Realmente parece que cada vez mais pessoas estão usando palavrão como parte de seu vocabulário. Mas isso não torna o palavrão menos palavrão. De fato, as pessoas usam certas palavras justamente porque elas querem dizer algo para chocar, dar ênfase, ofender, etc. Ou seja, mesmo com o uso cada vez mais corriqueiro, certas palavras continuam sendo torpes e obscenas em nossa cultura.
O comediante americano George Carlin em seu show “Sete palavras que você nunca deve dizer na TV” demonstrou (mesmo que a contragosto) que há certas palavras que são inapropriadas. Bono que o diga. Por usar uma destas palavras na entrega do Globo de Ouro em 2003, ele criou problemas para a rede de TV norte-americana Fox.
Eu gosto da idéia de que se você não usaria uma determinada palavra numa conversa com sua mãe, numa reunião como igreja, numa entrevista de emprego ou para alguém que você acabou de conhecer, então essa palavra parece não ser apropriada para seu uso corriqueiro. Novamente, parece uma idéia simplista (e talvez seja), mas creio que é um começo.
Seria válido falar palavrão para se identificar com as pessoas que estamos tentando alcançar?
Eu me lembro de quando fazia visitas na antiga Casa de Detenção Carandirú em São Paulo. Os presos tinham um código de respeito para com os “crentes” que os visitavam. Não se falava palavrão perto deles. Percebi o mesmo com relação as prostitutas em alguns prostíbulos onde estive com os missionários do Projeto Toque. Quando alguma delas que não nos conhecia começava a baixar o nível das palavras, era logo censurada pelas companheiras. Fico imaginando o que essas pessoas pensariam ao ouvir um discípulo de Cristo falando as mesmas palavras que elas, apesar de usarem, reprovam. Será que elas veriam evidências de uma nova vida no falar deste discípulo?
Como eu disse em minha reflexão, precisamos rever nosso conceito de liberdade cristã. Para muitos, a nova versão de liberdade que eles estão aderindo é apenas uma revisão da velha escravidão que eles pensam ter deixado para trás.
Liberdade cristã não é liberdade para fazer o que quer que eu desejo. Liberdade cristã é liberdade para servir a Cristo e fazer o que Ele deseja. É liberdade para agradar a Deus. É liberdade no Espírito Santo. E o fruto do Espírito é amor, paz, bondade… domínio próprio.
Lutero colocou da seguinte forma em seu clássico texto Da Liberdade Cristã (1520): “Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém – pela fé. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos – pelo amor.”
Quando leio passagens como Efésios 2.1-5 e 4.22, 1 Pedro 4.3, Tito 3.3, dentre outras, há uma indicação clara de que nossa vida antes de Cristo era marcada por certas coisas que já não devem mais persistir uma vez que estamos ligados à Cristo. Os verbos usados – éramos, andávamos, vivíamos – indicam uma condição passada. Mas agora, diz a Bíblia, somos novas criaturas e devemos despir (despojar) a velha condição. Me parece estranho que seguidores de Cristo queiram continuar na condição passada, exibindo os mesmos maus hábitos e caindo nos mesmos erros.
É neste contexto do novo homem que Paulo fala aos Efésios (4.29): “Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe.” (ARA)
O dicionário Houaiss define TORPE como:
que contraria ou fere os bons costumes, a decência, a moral; que revela caráter vil; ignóbil, indecoroso, infame
que contém ou revela obscenidade; indecente
que causa repulsa; asqueroso, nojento
que apresenta mácula; sujo
Ou seja, mesmo considerando as mudanças do vocabulário com o decorrer dos tempos, uma palavra torpe hoje continua sendo torpe.
Algumas pessoas argumentam que xingar é ser transparente e honesto. Todavia, o próprio bom senso nos diz que não devemos ser transparentes em tudo exatamente. Ainda que não exista nada em nossa vida que esteja oculto aos olhos de Deus – não há áreas privadas diante de Deus – há todavia, áreas e coisas que fazemos que não deveriam se tornar públicas. Por exemplo, o exercício de nossas necessidades físicas. Ninguém que tenha um bom senso ira advogar que, em nome da transparência, deve-se abaixar as calças em público e se aliviar na frente de todos. Isso seria indecoroso na maioria das culturas e sociedades do nosso mundo hoje. Ou seja, a tal de transparência neste caso me parece mais uma desculpa para obscenidade do que algo sincero.
Todd Hunter, presidente do Curso Alpha certa vez disse: “Como um discípulo de Jesus usa sua linguagem? O amor deve ser o árbitro de todo o falar.”
Quando você manda alguém ir se f**** ou chama uma pessoa de filho da p***, você está demonstrando amor? Você consegue ver a atitude de Cristo nisso? Imagino que não. Não importa o quão transparente você diga que está sendo, a única coisa que sua atitude transparente está demonstrando é a ira e falta de domínio próprio.
Então ouço pessoas apontando outros pecados, dizendo que alguém não xinga, mas odeia de qualquer maneira. Ora, um pecado não justifica o outro. Deus nos chamou para uma nova vida, com novas atitudes e novos hábitos.
Creio que xingar é um mal hábito e como todo mal hábito deve ser desencorajado, procurando livrar-se dele em busca de novos hábitos. Gosto do Bono como artista. Lendo uma de suas entrevistas certa vez, achei curioso que ele mesmo considera o falar palavrão como um mal hábito que ele possui. Mesmo gostando de sua arte, não significa que eu deva gostar ou adquirir seus maus hábitos.
Jesus elevou os padrões para os seus seguidores, em vez de diminuí-los como muitos aderentes da graça barata parecem pensar que Ele tenha feito. Tiago nos chama para um viver comprometido com os pobres e oprimidos ao mesmo tempo em que nos mantemos incontaminados com o mundo – inclusive no falar (1.26-27). Uma simples leitura a carta de Tiago revela que ele tinha muito a dizer sobre o Cristianismo prático e o uso da língua.
Por tudo isso e mais um pouco, creio que os seguidores de Cristo devem evitar ao máximo o uso de linguagem torpe/obscena, especialmente em público.
Que Deus nos ajude a viver não no legalismo nem na libertinagem, mas na verdadeira liberdade no Espírito.


Sandro Baggio

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

QUEM ENTENDE?

O ser humano é o ser mais complexo em todo o universo. Sua complexidade se revela na diversidade de suas ações, reações, sentimentos, ressentimentos, pensamentos, sonhos, palavras e gestos. Só Deus entende o ser humano em sua plenitude. Isto porque, Ele é o único capaz de sondá-lo e prescrutá-lo devidamente. Sei que isso é óbvio, já que Ele é o Criador. Dentre tantas coisas que revelam a complexidade humana, está a ingratidão. Tal sentimento que se evidencia em pensamentos e ações dá-nos uma noção do que é a natureza humana. Existem vários exemplos bíblicos de ingratidão. Lembro-me de Mefibosete, filho de Jônatas e neto do grande rei Saul. Mefibosete era portador de necessidades especiais. "Quando Saul e Jônatas foram mortos em Jezreel, Mefibosete, filho de Jônatas, tinha cinco anos de idade. Ao chegar a notícia da morte de Saul e de Jônatas, a mulher que cuidava de Mefibosete o pegou e fugiu. Mas estava com tanta pressa, que o deixou cair, e ele ficou manco. (2 Samuel 4:4).
Ao assumir o poder, Davi usou de muita bondade para com Mefibosete. Davi deu a Mefibosete as terras que outrora pertenciam a Saul e contratou um administrador chamado Ziba para cuidar dos negócios dele. Davi fez mais: deu liberdade à Mefibosete para comer pão diariamente no palácio real. Apesar de tudo, Mefibosete foi ingrato.
Quando Davi enfrentou uma crise com seu filho Absalão e teve que sair do palácio refugiando-se no deserto para evitar confronto com seu filho, Mefibosete permaneceu em Jerusalém e disse: "Hoje, a casa de Israel me restituirá o reino de meu pai. (2 Samuel 16:3). Depois ele se justificou para com Davi dizendo que permaneceu em Jerusalém porque não teve ajuda para acompanhá-lo e apoá-lo naquele momento. Tudo indica que isso não era verdade. Davi não acreditou nele. Davi dividiu seus bens com o administrador Ziba. Mefibosete deixou de contar com, rompendo aquele relacionamento de confiança. Mefibosete foi muito ingranto. A ingratidão é uma mal que deveria ser combatido. Conforme as palavras do apóstolo Paulo, a ingratidão é uma das terríveis características da natureza humana e que caracteriza os seres humanos dos últimos dias: "... pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes... (2 Timóteo 3:2). Fico pensando o quanto somos ingrantos para com Deus. A Bíblia nos recomenda a entregarmos todas as nossa preocupações ao Senhor por meio das orações mantendo sempre um coração agradecido. Em tudo dai graças diz a Bíblia ( I Ts.5.17). Digamos sempre, deixando vir do fundo do coração: graças a Deus!
Ricardo Mota