terça-feira, 10 de agosto de 2010

O PENSAMENTO PLURALISTA DE RABSAQUÉ


"Pois não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim e sede salvos... porque eu sou Deus, e não há outro" (Isaías 45:20-22).

Por Ricardo Mota

Ezequias reinou em Judá aproximadamente 700 a.C. Era uma época de pluralismo religioso. O reino assírio foi o grande protagonista neste processo. Quando a Assíria dominou Israel o seu rei enviou pessoas de vários lugares para repovoar a capital Samaria. Pessoas de Babilônia, Cuta, Ava, Hamate e de Sefarvaim. Cada nação tinha o seu próprio deus. Os babilônicos adoravam Sucote-Benote; os de Cuta adoravam Nergal; os de Hamate adoravam Asima, os aveus tinham Nibaz e Taraque como deuses; os sefarvitas queimavam os seus filhos em adoração a Adrameleque e a Anameleque. Então o rei da Assíria mandou levar para Samaria um sacerdote para ensinar às pessoas como temer ao Senhor. De maneira que temiam ao Senhor, ao mesmo tempo, serviam aos seus próprios deuses, segundo o costume das nações dentre as quais tinham sido transportados. Este sincretismo religioso foi a derrocada de Israel como nação. Mas, Judá ainda sobreviveria por mais algum tempo. O rei Ezequias quando começou a reinar em Judá fez o que era reto perante o Senhor. Embora jovem, com 25 anos, Ezequias promoveu uma verdadeira reforma social, política e religiosa em Judá. Até que um dia o rei assírio, Senaqueribe, enviou seu oficial chamado Rabsaqué para afrontar ao rei Ezequias e, consequentemente, ao Deus que ele adorava. Rabsaqué, em pé, clamou em alto e bom som, as palavras daquele que segundo Rabsaqué, era o “sumo rei”. As palavras de Rabsaqué, embora pronunciadas há anos, nos faz pensar nos dias atuais. Além da semelhança daqueles dias pluralistas e sincréticos, há uma grande semelhança de pensamento e “lógica rabsaquética”. Primeiramente Rabsaqué faz questão de ser eficaz na comunicação social. Houve um pedido dos líderes religiosos de Judá para que Rabsaqué falasse em aramaico e não em judaico. Os líderes judaicos queriam poupar as pessoas daquele momento constrangedor, ou, quem sabe, protegerem a imagem do rei Ezequias. Mas, Rabsaqué não atendeu o apelo e falou em judaico para que todos entendessem. A intenção da boa comunicação de Rabsaqué tinha como objetivo desestabilizar os valores daquele povo. O primeiro valor a ser desestabilizado seria a liderança. Uma liderança desacreditada, Rabsaqué sabia disso. Seria o primeiro passo para dominação. Ele gritou para todos ouvirem: “Não vos engane Ezequias, porque não vos poderá livrar...” (2 Reis 18.29). O oficial assírio também disse: “... nem tampouco vos faça Ezequias confiar no Senhor...” (2 Reis 18.30). O segundo valor a ser desestabilizado é a fidelidade. Com uma mensagem semelhante a original, Rabsaqué propôs em nome do seu rei: “... fazei as pazes comigo e vinde para mim; e comei, cada um da sua própria vide e da sua própria figueira, e bebei, cada um da água da sua própria cisterna. Até que eu venha e vos leve para uma terra como a vossa, terra de cereal e de vinho, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras de mel, para que vivais e não morais” (2 Reis 18.31,32). Finalmente, o golpe fatal, seria desestabilizar o próprio Deus diante do Seu povo, com argumentos e lógicas razoáveis. Se os deuses de Hamate e de Arpade, os deuses de Sefarvaim, Hena e Iva, não puderam livrar a terra e os seus adoradores da dominação da Assíria; por que o Deus de Judá conseguiria fazê-lo? Nada a responder!
O rei Ezequias recebeu a mensagem dada por Rabsaqué. Ele rasgou as suas vestes, cobriu-se de pano de saco e entrou na Casa do Senhor. O rei Ezequias mandou dizer ao profeta Isaías: “Esse dia é dia de angústia, de disciplina e de opróbrio; porque filhos são chegados à hora de nascer, e não há força para dá-los à luz” (2 Reis 19.3).
Ezequias fez o que todos devem fazer em tais circunstâncias. Ele orou ao Senhor. “O Senhor, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra” (2 Reis 19.15). Não deve haver pluralismo e nem sincretismo. Ezequias adorou o único Deus vivo e verdadeiro. O rei da Assíria foi derrotado com todo o seu exército. Um Anjo da parte do Senhor feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil; e quando se levantaram os restantes pela manhã, lá estavam os cadáveres. Senaqueribe, rei da Assíria se foi, voltou para a capital Nínive. Estando na casa do seu deus Nisroque, os próprios filhos do rei, Adrameleque e Sarezer, o mataram e fugiram para a terra de Ararate.
Quando o pluralismo e sincretismo tentarem desestabilizar a liderança, a fidelidade e até mesmo o próprio Deus como se fosse possível, devemos orar. Parece ser simples, mas, não é. A oração é o método de Deus. Devemos reconhecer que Deus está entronizado acima dos querubins, só Ele é Deus, o criador dos céus e da terra. O pensamento pluralista de Rabsaqué que ressurge na atualidade, deve ser alvo das nossas orações. Deus, por amor Dele mesmo e por amor de seu servo Davi, sairá em nossa defesa (2 Reis 19.34).

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