domingo, 5 de julho de 2009

O DESENCANTAMENTO ESPIRITUAL

A expressão “desencantamento” foi usada pelo alemão Max Weber, em 1920, na segunda versão de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Trata-se da supressão da magia, uma espécie de desmagificação. Talvez o mesmo fenômeno esteja acontecendo hoje em dia com muitas pessoas em relação à igreja, ou melhor, em relação às instituições religiosas que supostamente encarnaram a igreja, o Corpo de Cristo. A igreja, Corpo de Cristo, espalhada e representada hoje em diferentes línguas e culturas se dá a conhecer, via de regra, pelas inúmeras instituições religiosas. Pelos erros históricos cometidos por meio dos que representam a igreja sócio-politicamente, no passado e no presente, provocam em muitos um “desencantamento”. Não é raro encontrarmos pessoas feridas e decepcionadas com a “igreja” que freqüentavam. Encontrei uma dessas pessoas no sábado e outra no domingo. A primeira está doente, lutando contra a depressão e atribui a culpa à instituição religiosa que, desde criança, pertenceu. Alegando ter sido injustiçada, não alvo de amor, não quer nem mesmo passar perto daquele lugar onde congregou por muitos anos. A segunda, desmotivada por perceber no meio da igreja que freqüentava, pessoas totalmente alheias ao trabalho desenvolvido e, até mesmo, o “sucesso” daquela comunidade no exercício de suas funções. As críticas são cruéis advindas de gente que, por questão de bom senso, deveriam entrar mudas e saírem caladas, considerando a nulidade da membresia e testemunho. Conversar com estas pessoas desencantadas, talvez seja a tarefa mais árdua de uma pessoa que deseja ver outras crescendo e felizes. Re-evangelizar é uma tarefa ingrata. Desmistificar o que as pessoas acreditam ser a IGREJA é uma tarefa quase que inglória. Explicar a diferença entre cristão e discípulo; igreja e instituição; empresário e pastor; benção e dinheiro; e outras coisas não é fácil!

Max Weber falou sobre o “desencantamento com o mundo”. Talvez isso definiria o avanço protestante desde a Reforma em 1517. Mas, “desencantamento espiritual”, talvez seja a marca assustadora dos nossos dias. Pode parecer um paradoxo falar sobre desencantamento espiritual em um país onde cresce de forma fenomenal a quantidade de “evangélicos”. Foi assim também na Europa, hoje, um campo missionário. A secularização, o desapontamento com o cristianismo e sua ficha histórica sombria, o interesse mercadológico e outros fatores, ofuscaram a fé genuína. O Brasil caminha também na mesma direção. O desencantamento já permeia o coração de mais de 30 milhões de pessoas. São rotulados como “desviados”.

O que fazer para não sofrermos um desencantamento espiritual? Manter um relacionamento com Deus estreito, sem aceitar manipulação litúrgica ou apresentação teatral daqueles que acreditam ter uma espécie de patente celestial.

Jesus disse que as “portas do inferno não prevalecerão contra a igreja”. Como institucionalizado que sou, luto para que as instituições religiosas, não pensem de si mais do que convém. Como membro do Corpo de Cristo, luto para que a igreja não de olvide de sua identidade e missão. Para uma coisa e outra, que Deus me ajude!

Ricardo Mota

Nenhum comentário:

Postar um comentário