terça-feira, 21 de julho de 2009

VIAGEM MENTAL AO PASSADO


Entendi melhor o que o profeta Jeremias desejou expressar ao escrever: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” Lamentações 3:21. Isto porque, aproveitando os dias de férias, fiz uma viagem com meu pai à sua região de origem. É interessante como as histórias borbulham na mente humana. Muitas histórias, ao serem narradas, fazem bem, outras, nem tanto. Meu pai, como todos as demais pessoas vivem a vida acumulando na mente e na alma, fatos, boatos, verdades, mentiras, sentimentos, ressentimentos, tristezas, alegrias, ira, prazeres, dúvidas, e muitas outras coisas. Seria possível escolher o que trazer à memória? Endel Tulving, um neurocientista canadense, que por sinal nasceu no mesmo ano que meu pai, 1927, definiu a memória como sendo “uma viagem mental no tempo”. Se assim é, podemos ou não fazer tal viagem mental. Apenas lembrar de fatos é uma coisa, mas, verbalizá-los, comentá-los, e de certa forma, vivê-los, evidencia o “trazer à memória” ou “fazer a viagem ao passado”. A recomendação do profeta Jeremias foi: “trazer à memória o que pode dar esperança”. Com certeza, ele tinha muitas lembranças ruins. Viu a derrocada de sua nação e foi acusado de traidor. Jeremias viu seu povo ser levado para o cativeiro sob a tirania impiedosa dos caldeus. Mas, o profeta poderia também trazer à sua memória o avivamento espiritual que aconteceu nos dias do rei Josias, quando foi encontrado o livro da Lei do Senhor em um cantinho empoeirado do templo. Sim, ele poderia se lembrar de muitas coisas, mas, resolveu trazer à memória apenas o que lhe dava esperança. Na viagem que fiz com meu pai, ele trouxe à memória muitas coisas boas. Infelizmente, insistia em trazer também, muitas coisas que não dão esperança. Ao final da “viagem” o narrador e o ouvinte se mostraram cansados. Jeremias, o profeta, certamente se lembrava de muitas coisas, mas, inteligentemente, resolveu trazer à sua memória só o que lhe dava esperança. Bom conselho!
Ricardo Mota

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