sexta-feira, 31 de julho de 2009
CAMPO DAS ESPADAS
Há uma pergunta básica relacionada com todas as lutas, a saber: quem vencerá? Após o suicídio de Saul, Davi começou a reinar sobre a tribo de Judá. Abner, capitão do exército de Saul, tomou a Is-Bosete, filho de Saul, e o constituiu rei sobre todo o Israel. Is-Bosete, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, tinha 40 anos e reinou dois anos.
Em Gibeom, Abner, capitão do exército e “testa de ferro” de Is-Bosete, travou uma luta com os homens de Davi. Da luta travada entre os homens do exército de Is-Bosete e Davi foi uma luta sem vencedor. O que pode nos ensinar muito ao travarmos nossas próprias lutas. Senão vejamos: doze homens do exército de Is-Bosete, contra doze homens do exército de Davi. Quem venceu? Ninguém. A Bíblia diz que “cada um lançou mão da cabeça do outro, meteu-lhe a espada no lado, e caíram juntamente; donde se chamou àquele lugar Campo das Espadas, que está junto a Gibeom”. (2 Samuel 2.16).
Que coisa mais doida! Uma briga de vinte e quatro soldados onde se verifica uma baixa de vinte e quatro soldados. Uma luta sem vencedor!
Isso me fez pensar que nas minhas “lutas” tenho sido tão tolo quanto aqueles soldados. Ora, se eu lutar da mesma forma contra o(s) adversário(s) correrei o risco de padecer juntamente. O inimigo cai pra lá, eu caio pra cá. Quem venceu? Ninguém!
Então me ocorreu o que disse o apóstolo Paulo: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;”(2 Coríntios 10.4). Ora a conclusão é óbvia: se eu ou você lutarmos do mesmo jeito que os nossos adversários, perecemos igualmente. Para que não façamos de nossa vida um “campo das espadas”, devemos usar uma estratégia diferente. Oração. Se orarmos ao Senhor pedindo que Ele julgue a nossa causa, faça justiça nas questões que nos envolvem, sejam elas, espirituais, relacionais ou materiais, teremos mais chances na batalha. Mesmo que aconteça uma aparente derrota, ela servirá como instrumento nas mãos de Deus para nos abençoar.
É comum algumas batalhas na vida durarem mais tempo do que imaginávamos. No caso da batalha de Davi com os casa de Saul, durou muito tempo. Todavia, a Bíblia diz que Davi se fortalecia cada dia mais e os da casa de Saul se enfraqueciam (2 Samuel 3.1).
Fazendo o solilóquio como Davi fez, digo ao meu próprio coração: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”. (Salmo 42.11).
Ricardo Mota
segunda-feira, 27 de julho de 2009
CUMPRIR O PROPÓSITO
Convivo com crianças, adolescentes, adultos e idosos. Conheço pessoas pobres, ricas, sadias e doentes. Desde 1986 tenho exercido a função pastoral. Tenho tido o privilégio de alegrar-me com muitas pessoas, em diferentes circunstâncias. Tenho tido a oportunidade de estar ao lado de pessoas em meio às adversidades e circunstâncias trágicas. Tenho tido a alegria de pegar nos braços crianças recém nascidas, mas, também, já tive que carregar crianças mortas. Tem uma pergunta que, necessariamente, fica cravada na mente de alguém que lida com pessoas. Qual a razão da vida? Qual o propósito de tudo? Uma coisa é clara: nós não estamos aqui por acaso! Há um propósito. Obviamente, o propósito da vida não está nas realizações pessoais. Isto porque, mesmo após muitas realizações os homens podem não se sentir realizados. Todavia, todos aqueles que, durante sua vida, se relacionam com Deus, se sentem verdadeiramente realizados. O que dá sentido à vida é conhecer o seu propósito. O propósito da existência humana não é uma questão de escolha. Ele é predeterminado. O ser humano foi criado com o propósito de glorificar a Deus. A vida nos proporciona várias oportunidades de, por meio das escolhas, cumprirmos o propósito. No livro “Você não está aqui por acaso” Rick Warren diz que devemos nos preparar para respondermos duas perguntas diante de Deus. O que fizemos em relação a Jesus Cristo? E, o que você fizemos com as coisas que Dele recebemos? A resposta à primeira pergunta determinará onde passaremos a eternidade. A resposta à segunda determinará o que faremos na eternidade. Mais do que ser bem sucedido, realizar muitas coisas e ser alguma coisa, devemos desejar cumprir o propósito!
Ricardo Mota
sexta-feira, 24 de julho de 2009
A CONVICÇÃO DO CHAMADO
Conforme a mentalidade capitalista, consumista e materialista, o dinheiro é a válvula motriz de tudo. Todavia, não é prudente generalizar. Existem pessoas que fazem o que fazem por uma questão de vocação. Espiritualizando o assunto, podemos dizer que Deus capacita pessoas para diversas realizações. Creiamos ou não, ninguém é o que é, faz o que faz, por capacidade própria. Isto porque, a própria vida é dada e não conquistada.
A alegria em fazer alguma coisa, está na convicção do “chamado”. Sem a convicção do chamado para realizarmos a vocação, não suportaríamos as adversidades, o dia mal e, principalmente, as críticas. A única coisa que pode dar forças ao vocacionado para continuar sua função, é a convicção de que foi “chamado” para isso.
É interessante saber que pessoas falam de você, mas, não para você. Se incomodam em saber que outros gostam de você. Tentam, socialmente, fazer com que deixem de gostar e de respeitarem você. Apesar de tudo, você deve amar os tais, o que não significa andar com eles. Nós queremos andar com quem gostamos.
A prova de que amamos até mesmo os inimigos, é orar por eles. Isso só fará bem! A oração filtrará o coração de ressentimentos, sentimentos de amargura, inimizade ou ódio.
Deus, o justo juiz, julgará a causa. Descanse Nele!
Ricardo Mota
terça-feira, 21 de julho de 2009
VIAGEM MENTAL AO PASSADO
segunda-feira, 20 de julho de 2009
ALEGRIA DE TER O SUFICIENTE
O escritor Richard Peterson fala a respeito de um cliente, “cuja fortuna, antes estimada em U$ 400 milhões, hoje vale U$ 200 milhões! Pelo seu comportamento, você poderia pensar que se trata de alguém prestes a se tornar um morador de rua, uma sucata da sociedade. Está aborrecido por não poder mais manter seu jatinho privado. Está à beira da devastação, porque agora terá de voar de primeira classe em vôos comerciais!” O lema que prevalece no mercado de trabalho do século XXI parece ser: “Vida, liberdade e busca de apenas um pouquinho mais”.
Compare essa filosofia com a convicção fundamentada na Bíblia: “Vocês são bem-aventurados quando estão satisfeitos em ser exatamente quem são – nem mais, nem menos. Neste momento vocês descobrem que são orgulhosos possuidores de tudo aquilo que não pode ser comprado” (Mateus 5.5 – tradução livre).
Um rico empresário da Avenida Madison, em New York, caminhava ao longo da praia de uma comunidade litorânea em suas férias. O CEO notou um pescador ocioso, sentado ao lado de seu barco, sua pele bronzeada e curtida pelo sol, vento e água do mar. Ele parecia não ter pressa para fazer coisa alguma. Curioso com a falta de atividade do pescador, o empresário perguntou-lhe:
- Por que você não está pescando?
- Porque já peguei peixes suficientes para o dia de hoje - respondeu o pescador.
- Por que você não pesca mais do que precisa? - perguntou o empresário.
- O que eu faria com o excedente?
- Você poderia ganhar mais dinheiro e comprar um barco melhor; com isso, poderia ir mais longe mar a dentro, pegar peixes maiores, comprar redes de nylon e ganhar mais dinheiro. Em breve poderia ter uma frota de barcos e ficar rico como eu.
O pescador ficou pensativo e depois perguntou: - E depois, o que eu faria?
- Você poderia descansar e desfrutar da vida.
- E o que você acha que eu estou fazendo agora? - respondeu o sábio pescador.
Querer mais, mais e mais! Nos principais centros de negócios do mundo, a atitude dominante parece ser: “Mais dinheiro, mais coisas, mais status!” Esse é um círculo implacável, sem fim, que gera cobiça e descontentamento, bem como úlceras e ataque cardíaco.
Podemos comparar esse ponto de vista com a perspectiva oferecida pelo apóstolo Paulo: “Aprendi a estar satisfeito em qualquer circunstância” (Filipenses 4.11 – tradução livre).
sexta-feira, 10 de julho de 2009
A DINÂMICA DA CURA
Jesus valorizou o ser – Só mesmo por causa deste Rabi maravilhoso, pode-se verificar a presença de uma mulher na sinagoga. Jesus valorizou as pessoas como nenhum outro mestre. Jesus se dirigiu àquela mulher e disse o que ela mais gostaria de ouvir: “estás livre da tua enfermidade”. Mas, a valorização do ser inclui o toque. Jesus impôs as mãos sobre aquela mulher e logo ela se endireitou. Ela pôde olhar as pessoas nos olhos e, certamente, erguer os olhos e dar glória a Deus. A cura que Jesus opera não é algo pontual ou estático. Os milagres são maravilhosos, mas, vão além do fato. A cura tem uma dinâmica e começa com a valorização do ser. A bênção é ainda maior...
Há ainda, na dinâmica da cura, a confrontação do mal. O mal não é necessariamente espiritual. Às vezes ele é conceitual. O “chefe da sinagoga” não vibrou com a cura. Paradoxalmente, ele ficou indignado e exortou à multidão: “Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, nesses dias para serdes curados e não no sábado.” (Lucas 13.14). Jesus confrontou este mal! Além de libertar aquela mulher de um cativeiro espiritual que se arrastava por quase duas décadas, ele confrontou o mal travestido de religião. Jesus repreendeu o “chefe da sinagoga” chamando-o de hipócrita e revelando a incongruência e incoerência. A mera religiosidade leva as pessoas a valorizarem mais as coisas ou conceitos do que pessoas. Na dinâmica da cura o mal, com suas múltiplas facetas, precisa ser confrontado e envergonhado. Percebe-se que, na verdade, não era apenas o “chefe da sinagoga” o instrumento de oposição à cura. O texto sagrado de que havia outros adversários e que todos estes adversários se envergonharam (Lucas 13.17a).
Finalmente, a dinâmica da cura tem seu aspecto terminal na glorificação de Deus. O texto bíblico é claro ao dizer que a mulher teve o corpo endireitado e passou a glorificar a Deus. O milagre também fez com que o povo se alegrasse e glorificasse a Deus (Lucas 13.17b).
Os milagres de Deus foram e são mais do que o fato em si mesmo. Os feitos de Deus visam a valorização do ser, o confrontação do mal e a glorificação de Deus. Sim, glória a Deus!
Ricardo Mota
terça-feira, 7 de julho de 2009
A PRAGA DO BARULHO
Ministrei uma aula sobre comunicação nos negócios, em que discutimos como diferentes tipos de ruído inibem a eficiência na comunicação interpessoal e de grupos. Um barulho súbito, fora da sala de reunião, pode interromper um conversa. Sirenes, barulho do trânsito, de construções na rua, desviam nossa atenção. Até uma cadeira mal lubrificada pode perturbar a fluência de palavras e idéias com seu chiado.
Outros tipos de “ruídos” afetam nosso desempenho. Temores e preocupações congestionam o fluxo do pensamento. Estresse e pressões inibem idéias criativas. Ciúme, ira, amargura e inveja produzem “ruídos” na mente, que afetam a forma de pensar e de expor. Mas apesar da sobrecarga dessas formas de barulho, acabamos nos acostumando, a ponto de, ao entrar em local silencioso, sermos tentados a buscar algo que quebre essa quietude.
Embora sendo uma praga, temos esquecido como é a vida sem barulho. Quietude e repouso já não são qualidades de vida que atraem. Mas é na calma e quietude que nos descobrimos criativos, quando idéias e visões têm tempo e lugar para tomarem forma, desenvolver-se, amadurecer e vir à luz. A Bíblia fala sobre a virtude de afastar-se do clamor circundante para pensar, meditar, refletir e recarregar as baterias mental, emocional e espiritual. Fugir do barulho nos permite:
. Realinhar nossas prioridades. Por que estamos aqui? Por que fazemos o que fazemos? São perguntas honestas que examinam nossa motivação interior, mas raramente são respondidas ou analisadas adequadamente em meio à correria e tumulto cotidianos. “Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus” (Salmos 46.10).
. Oportunidade de receber sabedoria divina. Quando buscamos orientação ou soluções para problemas difíceis, não existe outra fonte que nos dê discernimento a não ser Deus. “Descansa no Senhor e espera n’Ele... Espera no Senhor e guarda o Seu caminho” (Salmos 37.7;34).
. Refletir sobre princípios provados para obter êxito. Como o Supremo Arquiteto, Deus estabeleceu princípios para vida e trabalho, que já foram testados ao longo de séculos. Precisamos revê-los constantemente. “Não deixe de falar as palavras deste livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido” (Josué 1.8).
. Tempo para reafirmar nossas convicções. Talvez muitas das decisões antiéticas e escandalosas de grandes líderes pudessem ter sido evitadas se tivessem separado tempo para recolher-se e reconsiderar o impacto e alcance de suas ações. “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26.41).
Por Robert J. Tamasy
domingo, 5 de julho de 2009
O DESENCANTAMENTO ESPIRITUAL
A expressão “desencantamento” foi usada pelo alemão Max Weber, em 1920, na segunda versão de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Trata-se da supressão da magia, uma espécie de desmagificação. Talvez o mesmo fenômeno esteja acontecendo hoje em dia com muitas pessoas em relação à igreja, ou melhor, em relação às instituições religiosas que supostamente encarnaram a igreja, o Corpo de Cristo. A igreja, Corpo de Cristo, espalhada e representada hoje em diferentes línguas e culturas se dá a conhecer, via de regra, pelas inúmeras instituições religiosas. Pelos erros históricos cometidos por meio dos que representam a igreja sócio-politicamente, no passado e no presente, provocam em muitos um “desencantamento”. Não é raro encontrarmos pessoas feridas e decepcionadas com a “igreja” que freqüentavam. Encontrei uma dessas pessoas no sábado e outra no domingo. A primeira está doente, lutando contra a depressão e atribui a culpa à instituição religiosa que, desde criança, pertenceu. Alegando ter sido injustiçada, não alvo de amor, não quer nem mesmo passar perto daquele lugar onde congregou por muitos anos. A segunda, desmotivada por perceber no meio da igreja que freqüentava, pessoas totalmente alheias ao trabalho desenvolvido e, até mesmo, o “sucesso” daquela comunidade no exercício de suas funções. As críticas são cruéis advindas de gente que, por questão de bom senso, deveriam entrar mudas e saírem caladas, considerando a nulidade da membresia e testemunho. Conversar com estas pessoas desencantadas, talvez seja a tarefa mais árdua de uma pessoa que deseja ver outras crescendo e felizes. Re-evangelizar é uma tarefa ingrata. Desmistificar o que as pessoas acreditam ser a IGREJA é uma tarefa quase que inglória. Explicar a diferença entre cristão e discípulo; igreja e instituição; empresário e pastor; benção e dinheiro; e outras coisas não é fácil!
Max Weber falou sobre o “desencantamento com o mundo”. Talvez isso definiria o avanço protestante desde a Reforma em 1517. Mas, “desencantamento espiritual”, talvez seja a marca assustadora dos nossos dias. Pode parecer um paradoxo falar sobre desencantamento espiritual em um país onde cresce de forma fenomenal a quantidade de “evangélicos”. Foi assim também na Europa, hoje, um campo missionário. A secularização, o desapontamento com o cristianismo e sua ficha histórica sombria, o interesse mercadológico e outros fatores, ofuscaram a fé genuína. O Brasil caminha também na mesma direção. O desencantamento já permeia o coração de mais de 30 milhões de pessoas. São rotulados como “desviados”.
O que fazer para não sofrermos um desencantamento espiritual? Manter um relacionamento com Deus estreito, sem aceitar manipulação litúrgica ou apresentação teatral daqueles que acreditam ter uma espécie de patente celestial.
Jesus disse que as “portas do inferno não prevalecerão contra a igreja”. Como institucionalizado que sou, luto para que as instituições religiosas, não pensem de si mais do que convém. Como membro do Corpo de Cristo, luto para que a igreja não de olvide de sua identidade e missão. Para uma coisa e outra, que Deus me ajude!
Ricardo Mota
sábado, 4 de julho de 2009
NABAL, O INGRATO
sexta-feira, 3 de julho de 2009
UMA IGREJA VIVA E ATIVA
Evidentemente que muitas lições podem ser extraídas deste texto. Mas, considerando a dificuldade que enfrentamos para definirmos "quem somos?"; "onde estamos?" e o "que fazer?" Um texto como o mencionado acima pode nos ajudar sobremaneira nesta "crise existencial".
Pedro e João, discípulos de Jesus, tinham vencido a crise. Pedro não mais desejava se esconder atrás das colunas do templo e João já não estava trancafiado no cenáculo. Eles eram agora, representantes autênticos da fé plantada por Jesus, o Nazareno. Representam os crentes em Jesus. O que podemos aprender olhando para eles?
Primeiramente aprendemos sobre o caráter piedoso. O versículo primeiro diz: “Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora nona." Pode parecer muito simples, mas, sem uma vida disciplinada de oração, estamos fadados ao fracasso, se é que o fracasso já não é real... A oração significa relacionamento com Deus, revelando nosso “senso de insuficiência” ou total dependência de Deus. A “hora nona”, provavelmente três horas da tarde, era um bom costume. No horário do rush, como que uma ação subversiva ao materialismo ou ativismos, paravam para orar. Algo assim golpeia qualquer sentimento de auto-suficiência. Penso que o segredo para uma vida com propósito passa pela intimidade com Deus, pelo quarto com a porta fechada e coração aberto na presença de Deus.
Em segundo lugar, além do caráter piedoso, precisamos de ousadia. Ao irem orar no templo, Pedro e João encontraram um paralíco que estava esmolando à porta do templo chamada Formosa. Diariamente, alguém o levava e o colocava naquele lugar estratégico para se receber esmolas. Pedro e João não tinham naquele momento nem prata e nem ouro para ofertarem ao morimbundo, mas, não ter sempre à mão recursos financeiros, não significa não ter como ajudar. Pedro e João estavam cheios do poder de Deus. Foram ousados para se exporem. Pedro e João que algum tempo atrás queriam se esconder, agora dizem em alto e bom som: “olha para nós...”. O caráter piedoso, via de regra, gera ousadia.
Finalmente, em terceiro lugar, aprendemos sobre a “inclusão total”. O coxo que ali esmolava desde os primeiros dias de sua vida, não tendo nada mais do que o ficar sentado à porta do templo, sem o privilégio de adentrar, “de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus”. Pedro e João, representantes de uma igreja com propósito promoveu a inclusão daquele indivíduo. Ele pôde entrar no templo, louvar a Deus e se fazer acompanhar por dois importantes personagens da fé.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
PIB X FIB: Uma Nova Medida de Felicidade
Na última década, um número cada vez maior de cientistas tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. Uma nova disciplina, chamada de "ciência da hedônica" vem sendo desenvolvida. A palavra "hedônica" foi cunhada pelo psicólogo Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002. Esse termo denota a pesquisa científica quanto às fontes da felicidade humana.
De acordo com esses estudos, o sucesso material, até certo grau de riqueza, de fato traz mais felicidade. Por exemplo, quando uma pessoa progride de um estado de absoluta pobreza para o atendimento de suas necessidades de sobrevivência, e desse nível de sobrevivência para uma vida confortável e, depois, para algum grau de luxo, sua felicidade de fato aumenta. Contudo, depois de certo ponto, mais bens materiais não trazem mais satisfação. O que importa a essa altura são os chamados "fatores não materiais", tais como companheirismo, famílias harmoniosas, relacionamentos amorosos e uma sensação de viver uma vida com significado. Nós, seres humanos, temos fome não apenas de alimento para o corpo, mas também para a alma.
Um pequeno país nos Himalaias, o Butão, desenvolveu um novo modelo para o progresso que está criando impacto inesperado no mundo: o FIB – Felicidade Interna Bruta – ao invés do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se de um sofisticado conjunto de índices para medir as nove dimensões de desenvolvimento integral: bom padrão de vida econômica, boa governança, educação de qualidade, boa saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, gestão equilibrada do tempo e bem-estar psicológico.
Indaga o primeiro-ministro do Butão, Lyonpo J. Thinley: "Será que o sucesso de uma nação deve ser avaliado pela sua habilidade de produzir e consumir ou pela qualidade de vida e a felicidade do seu povo? A felicidade é mais importante do que a riqueza monetária", enfatiza. Psicólogos pesquisadores da nova ciência de "hedônica" concordariam com isso. Dezenas de estudos têm demonstrado que, a partir de um certo nível de renda, mais riqueza não traz felicidade. Os EUA são um bom exemplo. O PIB americano aumentou três vezes nos últimos 50 anos, mas a felicidade do povo declinou. Durante esse mesmo período, quando o PIB triplicou, o número de divórcios duplicou, o de suicídios entre adolescentes triplicou, o de crimes violentos quadruplicou e a população carcerária quintuplicou.
Curiosamente, foi um norte-americano célebre, o ex-senador Robert F. Kennedy, quem expressou mais eloquentemente as deficiências desse que é hoje o principal indicador mundial de progresso: "O Produto Interno Bruto inclui poluição atmosférica e as ambulâncias para uma tragédia; trancas especiais para nossas portas e prisões para as pessoas que as quebram. Inclui a destruição das nossas florestas e a morte dos nossos lagos. Cresce com a produção de mísseis e ogivas nucleares. Não inclui a saúde das nossas famílias, a qualidade da educação das nossas crianças, ou a alegria das suas brincadeiras. É indiferente à segurança das nossas ruas. Não inclui, tampouco, a beleza da nossa arte, a estabilidade dos nossos casamentos nem a integridade dos nossos governantes. Mede tudo, em suma, exceto aquilo que faz a vida valer à pena".
*Susan Andrews é psicóloga e antropóloga pela Universidade de Harvard – EUA, Doutorada em Psicologia Transpessoal pela Universidade de Greenwich (EUA) e autora de diversos livros.
Fonte: seuEstilo, Abril 2009, Ano 3, nr. 24